A investigação da Polícia Federal (PF) na “Operação Ave de Rapina”, deflagrada na quarta-feira (12) em Florianópolis, aponta que houve fraude em licitações para a realização do Carnaval na Passarela Nego Quirido, na Fenaostra e em eventos carnavalescos em Santo Antônio de Lisboa neste ano. Segundo a PF, gestores públicos facilitavam empresários a ganharem concorrências. Outros eventos organizados pela Fundação Franklin Cascaes (FFC) também fazem parte do inquérito
Segundo o delegado Allan Dias, os servidores públicos são suspeitos de fornecer informações privilegiadas aos concorrentes escolhidos. Dados sobre os adversários e sobre as propostas antes da abertura da concorrência eram divulgadas. Os participantes são suspeitos ainda de modificar cláusulas para beneficiar pessoas específicas. “Aqueles empresários que tinham proximidade com o presidente da Fundação eram beneficiados e obtinham os dados que levariam à vitória da licitação”, reforçou Dias.
O prefeito de Florianópolis Cesar Souza Júnior diz que irá verificar as licitações. “Eu quero ter acesso com mais detalhe do que foi feito de errado ou que foi comprovado de errado para alterar e fazer correto”, disse. Ele ainda afirma que o Carnaval na passarela Nego Quirido irá acontecer em 2015, mas ele será feito “certamente com algumas dificuldades a mais”.
Com relação ao Carnaval, a PF afirma que os indícios de fraude são claros. Os prazos de licitação para beneficiar empresas prestadoras de serviço teriam sido forjados para beneficiar prestadores de serviço. A Polícia Federal diz que o dinheiro público utilizado para realização da festa teria sido desviado e passado pela conta de pessoas ‘laranjas’, que recebiam pagamento em troca de favor prestado no esquema de corrupção.
A investigação também apontou fraudes na Fenaostra e nas festas carnavalescas em Santo Antonio de Lisboa. Parte do dinheiro público recebido não teria sido investido. A PF diz que foram emitidas notas fiscais ‘frias’. “Esse dinheiro não foi utilizado para comprar determinado bem e foi distribuído para outras pessoas. (..) Como camisas [abadás de carnaval]”, alega o delegado Dias.
Suspeitos
Segundo a PF, o chefe do esquema de corrupção era o então presidente da Fundação Cultural, João Augusto Nogueira, que foi preso e demitido na quarta-feira (12). O diretor administrativo do órgão, Naito Peres da Silveira, foi exonerado. Outras duas pessoas estão indiciadas pelo esquema, Marcos Antonio da Luz, o ‘Du’, da escola de samba Consulado, e Edenaldo Lisboa da Cunha, o ‘Feijão’, presidente da Associação Recreativa e Cultural Avante.
A PF divulgou que os crimes contra a administração pública da capital catarinense causaram um prejuízo estimado em R$ 30 milhões aos cofres públicos. Segundo a polícia, as investigações comprovaram a existência de um esquema de corrupção em três órgãos, a Câmara de Vereadores, o Instituto de Planejamento Urbana de Florianópolis (Ipuf) e a Fundação Cultural Franklin Cascaes.
As investigações começaram em novembro de 2013 e apuraram o recebimento de dinheiro de empresários por servidores públicos, além de fraudes em licitações de eventos e até mesmo para de radares, conforme a polícia. No total, 14 suspeitos foram presos, entre eles o vereador Marcos Aurélio Espíndola (PSD), o Badeko.
Fonte: PORTAL G1.COM.BR / 13/11/2014
http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2014/11/carnaval-e-fenaostra-tiveram-fraude-em-licitacoes-em-florianopolis-diz-pf.html